sexta-feira, 22 de agosto de 2008

... milhares de sensações ...

Tão sinceros e tão curiosos, hipnotizantes, penetrantes.
Planaltos e planícies onde posso correr tranquila e segura,
Florestas outonais onde posso me esconder,
Carvalhos nos quais posso me abrigar,
Um mar de Coca Cola para me deliciar.

Penhascos e labirintos nos quais quero me perder, chegar ao fundo, ir além.
As janelas abertas para o crepúsculo, pequenas estrelas que brilham intensamente.
Meu conforto, meu porto seguro.

Teus olhos, em muitos tons, meu melhor espelho.
Teus olhos que sorriem, teus olhos que mergulham nos meus e me devoram.
Meus olhos que amam os teus.
Meus olhos, teus olhos.

Teus olhos que abraçam, teus olhos que beijam,
Teus olhos que se afogam no meu mar.

Teus olhos, teus olhares, milhares de sensações...

sábado, 16 de agosto de 2008

Híbrido

Um híbrido.
Esta sou eu.



Olho meu rosto no espelho todos os dias e o que vejo não é mais o rosto daquela menina, ou daquelas meninas...
Não é mais o bebê de cabelos ruivos espetados e olhos azuis brilhantes,
Não é mais a pequena tímida de cabelos curtos, lisos e loiros, e dos olhos azuis,
Não é mais a quietinha garotinha dos cabelos lisos mechados de castanho e dourado e dos olhos ora de um azul profundo, ora de um verde brilhante ou de um cinza chuvoso,
Nem a compenetrada garota de curtos e ondulados cabelos castanhos dourados e olhos verdes penetrantes... Talvez dessa última reste ainda um pouco dos traços, mas o que vejo no espelho é a mulher na qual me tornei, na qual estou me tornando.

Os olhos ainda são verdes, o cabelo agora é longo, porém indeciso... Ora liso, ora cacheado, ora ondulado... Castanho, dourado, até ruivo no Sol. O rosto mudou, os traços se alinharam, e até a pequena batatinha que chamo de nariz agora passa despercebida.
Dou Boas Vindas a essa nova imagem!

Olhando mais atentamente, porém, vejo que ainda existe muito daquelas outras meninas em mim... O sorriso da pequena, o brilho no olhar da garota e da garotinha, o jeitinho manhoso da ruivinha. A menina que ainda resta em mim, que cultivo em mim.

Menina mulher.
Esta sou eu.

Em metamorfose, eterna metamorfose.
Um dia alcançarei a transformação completa?
Espero que não. Que eu seja mais mulher do que menina então,
mas que Cebolinha, Lilica, Sisirisi e Sibs nunca morram dentro de mim.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Nem tudo são rosas...


Pode parecer um tanto pessimista (e talvez até o seja), mas parece que quando praticamente tudo está dando incrivelmente certo na sua vida, algo de ruim tem que aparecer para estragar um pouco tudo aquilo... E não são coisas bobas, na maioria das vezes são pancadas, tapas na cara que colocam seu humor e sua força a prova.

Como é desconcertante quando você, com o olhar brilhando de felicidade, contente com os objetivos que conseguiu atingir, olha nos olhos daquela pessoa que foi uma das primeiras a te ver ao nascer, que cuidou de você quando seus pais tinham que trabalhar, que te aconchegava no colo antes de dormir e contava as histórias dos Santos, e ela responde ao teu olhar com olhos vazis, um olhar que não diz nada, como se ela não te conhecesse.

Ter a notícia de que uma das pessoas mais importantes da tua vida passa por problemas que ela mesma não percebe nem consegue controlar, problemas sérios, que vão além de uma simples depressão, é chocante.

Papéis invertidos. De repente a criança teimosa que se recusa a comer e tomar banho não é mais a menina dos olhos da cor do céu, e sim a outra, que sempre insistiu para que eu engolisse mais uma colherada da sopa e lavasse bem atras das orelhas...

Apatia, palavras sem nexo, remoendo fatos passados já esquecidos.

As lágrimas, entretanto, não brotam em meus olhos. Insensível? Tive medo que sim. Não choro pois evito olhar mais uma vez. Não quero encontrar aqueles olhos frios novamente, tenho medo. Não quero visitá-la, não quero que ela me veja. Sei que ela não quer me ver. Ela tem vergonha.
Lido com a angústia dos outros, narro as notícias com a voz tranquila para acalmá-los quando, na verdade, o que se passa em mim é como uma tormenta.

Guardo e escondo meus sentimentos, mesmo sabendo que isso não é bom. Me reprimo para tentar fugir, mesmo sabendo que esta rota de fuga possa me levar a mesma loucura que me tira por ora aquela que tanto fez por mim.