quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Confesso

Texto redigido em alguma quarta feira das primeiras semanas de outubro, na última página de um caderno de matemática.

Confesso que estou escrevendo isso durante uma aula de Instalações Hidráulicas e Sanitárias, confesso que hoje não consigo me concentrar, em nada. Confesso que hoje quero que ninguém converse comigo, confesso que quero colo de mãe, abraço de pai, sorriso de irmão. Confesso que estou com a mania de falar mal das pessoas, o tempo todo. Tenho que parar.
Confesso que quero, quero muita coisa. Quero chocolate, muito chocolate, mas não quero espinhas nem quilos extras. Confesso que quero deitar na grama e olhar o céu. Deitar na rede e ver seus pés, dormir escutando aquele coração... Ah, eu confesso.
Confesso que pareço criança, e não paro de reler as palavras dele. Ah, é sempre ele. É ele. Confesso que muitas vezes não percebo que só falo sobre mim. Confesso.
Confesso que tenho muito mais a confessar.
Micos, erros, falsas amizades. Brigas, lágrimas. Piadas, sorrisos, tombos. Beijos, olhares.
É, confesso.
Confesso que não sou a melhor das pessoas, mas tento ser o melhor de mim.
Confesso que peco. Gula, vaidade, ira, avareza.
Confesso que me arrependo.
Confesso que amo, e amo muito.

Enfim,

CONFESSO QUE VIVO.

. . .

Tentar, tentar e tentar inúmeras vezes colocar as palavras para serem vistas. Inutilmente.

Por que parece tão mais fácil escrever quando há angústia aqui dentro?



"There's no combination of words I can put in a back of a postcard,
no song that I can sing,
but I can try for your heart..."

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

again.

Você poderia ter se afastado pra sempre, ter ido embora de verdade. Poderia nunca mais ter me olhado daquele jeito, eu logo esqueceria tudo. Você poderia ter ido buscar outras, você poderia ter ficado por lá. Você poderia.
Doeu, mas já não doía mais.
Você poderia ter me esquecido, poderia ter me deixado de lado, apagado meu número, meu nome, meu rosto. Você poderia fazer o que você disse que precisava fazer. Poderia ter esquecido tudo o que foi feito e que foi dito. Eu ficaria bem. Eu estava bem.
Você devia ter esquecido, apagado, procurado e encontrado.
Doeu quando você foi, mas já não doía mais.
Você devia ter parado de frequentar meus sonhos. Devia ter parado de me fazer pensar em como você estava. Você devia.
Eu já não pensava mais, já não sonhava mais.
Doeu.
Eu sabia que poderia ser, mas você disse que não seria.
Eu entendi. Entendi, e doeu.
Mas agora, só agora?

Agora é tarde.